Este meu canto triste Comprou um lenço branco em três prestações Nas casas pernambucanas Quando as casas existiam e as mulheres que choravam A dor de amores derramados Amado, deixou-me a flor de laranjeira Este sambinha, uma besteira E o lenço encharcado Meu canto triste Não paga mais aluguel Montou um escarcéu na porta do seu trabalho Desembestada, perdida Vai mudar de vida Larga esse baralho Ah, meu nego, não me faça o desfavor Escuta o meu poema De óleo diesel e purpurina Bebe desse sangue que escorre lento nas trilhas desse Amor Meu canto triste hoje é mudo Não perdoa o absurdo da sua ingratidão Minha cachaça, a companheira Você, meu vício, a vida inteira E a última prestação do lenço branco que comprei Pra chorar a minha dor