Mais uma vez teve a infância roubada Das mãos de quem lhe devia carinho Por sua vez ela agüentava calada "Vai ser pior se você der algum pio" Fique como sua boneca de pano surrada Será que isso nunca vai acabar Eu rezo à Deus pra ele fazer você morrer Na minha idade eu não posso matar Já que não adianta mais rezar pra não sofrer E sua vida se transforma num inferno A noite vem e não preenche o vazio A escuridão não interpreta palavras Mas as paredes absorvem os gritos Como sua boneca de pano surrada Será que isso nunca vai acabar Eu rezo à Deus pra ele fazer você morrer Na minha idade eu não posso matar Já que não adianta mais rezar pra não sofrer Suados cento e quatro quilos de pura demência Sobre seus frágeis ossos que mal aprenderam a andar Tão reta quanto tua forma é tua inocência Tão longe é quando essa agonia vai terminar