Escravos cardíacos das estrelas Nós conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama Mas acordamos e ele é opaco Levantamo-nos ele é alheio Saímos de casa ele é a terra inteira Mais o sistema solar a Via Láctea e o Indefinido Eu consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, por decurso das coisas E fico em casa Quanto tempo pra fechar essa ferida? Onde eu posso encontrar uma saída? Eu já passei daquela fase suicida Mas ainda não cessei minha despedida Joguei os cigarros e as drogas fora Pra tentar mudar Eu encontrei um caminho E mesmo sozinho Vou continuar Eu sei que não é o destino Nem sei se consigo Mas vou continuar E a velha ansiedade eu a matei de fome Eram tantos os remédios que eu nem lembro o nome Quando eu te conheci eu era diferente Foi a minha insegurança que afastou a gente A solução do meu problema estava aqui na fonte Mas eu só enxergava o quanto estava longe Todo dia era uma luta pra me olhar no espelho E aceitar o meu reflexo dos pés ao cabelo Me encontrei com o meu passado E disse Que não vou mais ser Como era antes De poder enxergar Eu encontrei um caminho E mesmo sozinho Vou continuar Eu sei que não é o destino Nem sei se consigo Mas vou continuar E o que eu podia fazer de mim não o fiz A roupa que eu vesti era errada Conheceram-me logo por quem eu não era e não desmenti, e perdi-me Quando quis tirar a máscara Estava pegada à cara Quando a tirei e me vi ao espelho Já tinha envelhecido Estava bêbado, já não sabia vestir a roupa que eu não tinha tirado