Douglas Din

Ordens

Douglas Din


Amoravila
Amo, alvenaria, telha de zinco.
Chamo de união, um quarto pra cinco.
Desde o tempo do trinco, o cobre pra vender.
E truque pra latinha pesar mais e render, vender.

Não é meu forte, mas posso forçar a barra.
Impossível não existe na terra gambiarra.
Eu vim de lá, núcleo do improviso.
Doce lar dos meninos sem juízo.

Lembro, arame farpado pra varal.
E cerca, farpado pra não se pular, ao.
Todo. Somos menos que cinqüenta mil manos.
E cinqüenta mil minas, e lá se vão os anos.

Olha a disciplina. Lá alteza é Deus.
E o menino do morro, ainda é plebeu.
Mas amo esse lugar, a rua ritmo me viu.
Abraçar meu talento igual rabiola no fio.

Amor, adoro esse lugar.
Ei, ei, respeito pra chegar.
Nego, lá é uma maravilha.
Nega, maravilha ser de lá.

É uma selva, vivemos pela raça.
Fauna é sempre fauna e a flora vira fumaça.
Menina que é uma graça, vinha e nego pilha.
Nem era pai da moça, mas “nossa, minha filha.”

Distinga uma onça de um leopardo.
Pra qual se usa bala e pra qual usa dardo.
Pois uma dessas pode ser a Dalila.
Que não pegou Martinho, mas vários ali na vila.

Ah, eu amo esse café.
Desde o tempo da havaiana menor que meu pé.
Era samba, não beat, sem play, era só fliper.
É nois na fita city, só Kodak não flickr.

Como mudou, muito diferente.
Fogueira no campinho me deixou com o sangue quente.
Condomínio fechado, residencial.
A primeira maravilha do mundo é esse local

Bronx, das paredes sem reboco.
Casa de quem faz seu próprio troco.
Covil, perguntam, c viu? Você não ouviu?
Claro que não! Ta louco.

Moço, não me interrogue pelo amor.
Nada contra polícia, mas nada a favor.
Pro bem de todos, guarde sua arma e sua voz alta.
E os tapas na cara também não vão fazer falta.

Fomos a luta e a lenha marcando o couro.
Nenhum barraco lá tem estante pra desaforo.
Hum, hum, com licença, excelência.
Será que nos permite desfrutar da sua ausência.

Isso pra quem não vem somar.
Pois com humildade se constrói...
O que? Esquece.
Só quem é de lá sabe o que acontece.