O velho sentado na beira da praia Com os olhos perdidos nas ondas do mar Enxerga o mistério, escreve o destino Espera o chamado, parece sonhar Com as mãos ele pega punhados de areia Que escoam dos dedos assim devagar Parece que sabe na sua ampulheta O tempo que ainda precisa esperar O velho encostado num pé de coqueiro Molhando mais longe que a linha do mar Escuta o silêncio soprando segredos Que as águas salgadas parecem contar Com os pés desenterra pequenas estrelas Que um dia ele vira no céu rebrilhar Parece que sabe também que o pavio De sua candeia já vai se acabar O velho cansado um dia adormece Num chão de sargaços num fim de luar E encontra no sonho um novo rosário De cantos e lendas que vem de outro mar Na rede estendida nas verdes palmeiras Cantigas praieiras começa a cantar E fica pra sempre na praia do sonho No colo moreno de outra Iemanjá Iemanjá, Ieman Iemanjá, Ieman Ieman