Estou chegando de longe Peço licença e me apresento Só peço que não repare Na singeleza das minhas vestes Não sinto nenhum cansaço Porque viajo a bordo do vento E trago em minha bagagem As coisas simples da vida agreste Eu venho do pé da serra Dos vilarejos dos verdes campos Trazendo na voz serena O doce murmúrio da cachoeira Vim pelo clarão da Lua E pelo brilho dos pirilampos Rimando trovas e versos Na cor maior da nossa bandeira Eu não tenho preconceito Eu sou de quem me deseja, ê, ê, á Eu sou a canção agreste Sou a moda sertaneja Eu sou a pureza rara Rubi selvagem da açucena Que nasce e cresce no lodo Pra conservar a sua beleza Que zomba da rosa branca Pois tem orgulho de ser morena Também porque foi nascida No berço nobre da natureza Sou a cantiga barrenta Que nasce a beira dos carreadores Tenho o ritmo tranquilo Do passo lento de uma boiada Meu verso é noite sem Lua Quando revelo falsos amores Minha rima é flor que murcha Na terra onde não sou cantada Eu não tenho preconceito Eu sou de quem me deseja, ê, ê, á Eu sou a canção agreste Sou a moda sertaneja