Dos cortadores de cana, eu escutei o clamor Que migram em caravana, eu escutei o clamor Dos grandes canaviais, eu escutei o clamor Dos homens como animais, eu escutei o clamor! Migrar forçado, jamais! Trabalho escravo, não mais Eu quero um mundo de paz. Eu sou romeiro da paz! Eu sou migrante do amor, ouvi do povo o clamor! De seus barracos-cabanas, eu escutei o clamor! Feitos bagaços de cana, eu escutei o clamor! De suas mãos calejadas, eu escutei o clamor! Para ganhar quase nada, eu escutei o clamor! De todo um povo migrante, eu escutei o clamor! No dia-a-dia estressante, eu escutei o clamor! De seus trabalhos escravos, eu escutei o clamor! Os gritos de desagravos, eu escutei o clamor! Da pobre mãe de família, eu escutei o clamor! Saudosa e maltrapilha, eu escutei o clamor! Ao ver o filho migrar, eu escutei o clamor! Pro pão da vida ganhar, eu escutei o clamor! Da Igreja em romaria, eu escutei o clamor! Que clama em litania, eu escutei o clamor! Ao povo do Piauí, eu escutei o clamor! Gente, não saia daqui! Eu escutei o clamor! Corrente de migração, eu escutei o clamor! Corrente em oração, eu escutei o clamor! Corrente de liberdade, eu escutei o clamor! De paz e fraternidade, eu escutei o clamor!