Gritaria, um barco sem leme, um marco Sirene, choro e ambulância Uma ânsia: Infância fudida Lembrança no cheiro da blusa mantida De angustia e dor, meu peito enchia De raiva e rancor, no pente esvazia Era isso, as crianças diziam Buscando encontrar a infância perdida Na função o menino irradia O que não entendia, era pouca idade Por sobrevivência nasceu maturidade Precoce, fosque no muro, saudade Murmuro, me esmurro, peso da ansiedade Mãe, saudade do abraço Presa na floresta de concreto e aço No peito um embaraço, alimenta o medo Jogado lá nas rua, ela no quarto de despejo Loucura, manicômio, presídio Dissolve sanidade na sombra do suicídio No fluxo infanticídio, com a lata na mão Chacoalha e balança: Peso da frustração Desse sistema cão faço a subversão já que há submersão Escuta o agogô e avisa o sinhô que acabo submissão Minha mãe trancafiada, diagnosticada: Esquizofrenia Psiquiatria: Controle genocida Indústria da morte que lucra e assassina Saúde não se vende Loucura não se prende E quem ta doente é o sistema social Pra eles: Louca, bandido, louca, bandido Pra nóis: Truta, acolhido, truta, acolhido [Outro] Xoroquê não dormiu, me cobriu e protegeu, 7, 14, 21 Nossos caminhos não tem pé, cabeça, começo ou fim Sempre se encruzam cruzando os opostos Sua presença é mistério onde a única chave de acesso é a fé E fé foi a única fita que me restou O segredo do mundo guardado O portal da pineal pro orun A melanina Eu sou o dito pelo não dito O feito pelo desfeito Eu sou boca do mundo Que reside no silêncio E se acentua no barulho E foi em meio a tanta desgraça Que vi a graça de sua gargalhada Como um grito de guerra E ai, me levantei, rumo a firma