Olha pela última vez para a janela que abriu Olha como se a fosses fechar Do lado de fora não sente o frio Nem sofres por quem vais deixar Dos que ficam, não fica a saudade Dos que não te amaram Olho então para o teu corpo vazio Sem a chama que o fazia ferver Quem vivia lá dentro para sempre partiu Quem em ti morou não irei mais ver Os olhos deixam as lágrimas cair Caem pelos laços que não os prendem Não me lavam a mágoa de te ver partir Nem maculam o leito por onde correm Sabes a mim És o reflexo do meu olhar Sabes tanto a mim Sabes à morte no meu lugar Porque choras redoma dourada? Não deixes o teu fogo apagar Se chorares serás mais amada Mas se morreres não terás de chorar E as vidas cruzam-se no tempo Pelo fio solto do destino Esquecidas por um último lamento Acolhidas pelo Deus assassino Choram os deuses Chora a serpente Chora o verme Pelo homem que a morte já não teme Oh fina flor! Se a morte Te venceu Não será Tua a dor Nem a de quem te perdeu Não será o teu desespero Que por mim se irá imolar Se a morte por ti não supero Seu Acre não me irá amargar Porque choras redoma dourada? Não deixes o teu fogo apagar Se chorares serás mais amada Mas se morreres não terás de chorar E as vidas cruzam-se no tempo Pelo fio solto do destino Esquecidas por um último lamento Acolhidas pelo Deus assassino