Vou embora pra cidade, chega de viver no mato Não quero mais conviver com este povo pacato Um velho sonho que eu tenho quero transformar num fato Vou deixar de ser honesto, sair do anonimato Pra mostrar que estou vivo a um cargo eletivo Eu quero ser candidato Com minha cara de pau, vou entrando de gaiato Fazendo minha campanha, espalhando o meu retrato Se eu ganhar a presidência vai ser o maior barato Que se danem os operários e os caipiras lá do mato Cada um tem sua vida, com essa gente sofrida Eu não quero mais contato Quero ser o presidente todo cheio de aparatos Ambicioso como Judas, covarde como Pilatos Depois de encher a barriga eu quero quebrar o prato Quero frequentar banquetes, passear de avião a jato Eu sendo rei do terreiro, vou cantar no meu poleiro Quem fica no chão é pato Vou fazer do meu governo um exemplo de status Quero muita mordomia, inflação eu não combato Pouco importa se a pobreza não possa comprar sapatos Vou punir o cidadão que discordar dos meus atos A coisa que mais anseio é sair de bolso cheio No final do meu mandato