Eu toco viola, mas não por esmola Não tive escola, minha ideia é fraca Sou caboclo feio, tenho até receio Se olho no espelho o medo me ataca Por ter essa fama o povo difama E se alguém me chama de cara de vaca Fico descontente e bebo aguardente E amanheço doente curtindo a ressaca É desde pequeno que eu vivo sofrendo Só ando bebendo e batendo matraca A melhor bebida é a pinguinha ardida Nunca tem saída nas bebidas fracas No bar do Clemente briguei com o Vicente Caboclo valente que nem jararaca Apanhei calado, saí disfarçado Todo rabiscado de ponta de faca A noite que eu bebo eu não dou sossego Na hora que eu chego na minha barraca Ninguém abre a porta, eu dou uma volta No fundo da horta arreio a bruaca Levanto atordoado com os olhos parado E o rosto inchado parece uma jaca No mês de janeiro dormi no terreiro Fiquei sem dinheiro, perdi a guaiaca A danada pinga sobe na moringa A patroa me xinga e logo me ataca Cabocla nervosa é mesmo teimosa Com duas, três prosa nós já se tarraca Com franqueza eu digo, parece um castigo Toda vez que eu brigo eu saio de maca A luta violenta bebum não aguenta E a corda arrebenta na parte mais fraca