Neste universo De diversos caminhos Somos Suku e Olodum Colorindo o candomblé Embora há adverso De diversos espimhos Firmes e erguidos; somos um Como Enfiges de Gizé Venho do Ghana Monomotapa e Songhay Lá do Vale do Hapi Que hoje é o Nilo que bebo Sou uma flor africana De Wangari Mathai Ventre de Marimba Ani E das costas de Ki-zerbo Do Kilimanjaro Até ao Lago Assal Caçadores e colectores Correm pelo resguardo Da noite ao claro Pelo substancial Pastores e agricultores Carrregando o mesmo fardo Dos pés de pó Vem o milho e feijão Vem o amor e o prazer Vem a busca sem sessar Vê o griô Com o saber e narração Anta Diop a renascer Em algures de Dakar O sample (África) Renasci Abulbakar Quando o mundo naveguei Achei o meu lugar Lá em Núbia e Ta-Set Vi-me a ver o mar Na Kianda me entreguei Com Ma'at a me indagar Em algures de Kemet Respiro altura Dum homem Dinka no Sudão Não recolho escravidão Ngola Mbande me resguarda Eu prefiro a cura E viver na solidão Do que estar com podridão Revestindo a mesma farda Deixe morrer Nas entranhas do Saara Reviver o Gama Pinto E inspirar o Malcom X Deixe escorrer A força toda de Sankara Nesta Áfrika que sinto Que um dia será feliz Trouxeram-me aqui Onde a minha yalma me expulsa Onde vive o corpo Numa morte mais eterna Fui ouros no Mali Que deu vida à Mansa Munsa Que deu do seu copo Paz e luz da sua taberna Ku-Zwela Não quero ser cosmopolita Não escrevo poesia bonita Não penso, nem supomho Se nem todo mundo me quer Do mundo todo não posso ser Nem aqui, nem no sonho Se da minha cor ninguém pode Ter amor ou ter respeito Se qualquer George Floyd É criminoso por ser preto Não sou de toda parte Que o mundo me perdoe Mas, não sou de toda parte!