Já faz muitos anos que a gente tá nesse barco E se por nóis não fazem nada, eu vou atravessar a nado Na força de quem nada Sempre contra maré Aqui o buraco é mais embaixo Aqui pros bico não dá pé Emplaquei de frente às cobranças A desconfiança não vai me ferir Essa guerra do plaquê nos cansa Mas desde criança que eu sei resistir O fracasso me tenta por medo, porque desde cedo tentou me seguir Eu não digo que sai ileso, mais calos, mais peso, foi o que adquiri Maloqueiro nato Uma ganja no bolso, caneta em punho De olho nos fatos Minha cara eu ponho, empenho a fundo Coração cortado Pra ver se reparto, uma parte pro povo Que é necessitado de afeto e cuidado Mas ver seu caminho ser dificultado Eu sou bom de recomeço Quem me viu cair já sabe A cada topada ou tropeços Permanece aqui os que são de verdade E o meu elixir é rimar com vontade Razão de existir e buscar a verdade Com vícios convivi, difícil resistir Ao ego e vaidade É devido à idade Quantos largam o sonho Aceitam as grades Agradam e dependem De quem os degrada Ahh, ehh Como é triste a jornada Pro meu povo é outra pegada É luta e suor, só suor nas pegadas Não assusta se brotar vários de nóis Com sangue no zóio