Abaixo dos esgotos da cidade Eu, novo, nessa idade Me encontro tão impuro Aonde todo o reino é só maldade Pecado é liberdade Eu pulei desse muro Nas profundezas dos becos estreitos não tem luz E discurso vazio aqui não surte efeito Os encantos de quem é lá de cima não seduz Atrás do luxo você é só mais um sujeito Eu tenho feito o melhor pra não me dispersar E ainda enxergo chances de não conseguir Me sinto um passarinho que só quer voar Enquanto só oferecem gaiolas pra mim Um poeta do submundo Que tira inspiração do seu amargor mais profundo Espreme a emoção e derrama pelo papel Que nunca foi aceito no inferno e nem no céu Mundo cruel Diz ai se eu tô errado? Basta se perguntar o quanto sorrir tem machucado Se tu não vê sentido no que eu canto se isente Vai lá curtir seu trap, isso é rap pra quem sente A verdade é um monstro que poucos querem enfrentar Mentiras só servem pra adiar o inevitável O tanto de ilusão eu nem me preocupo em contar Me preocupo em achar explicação pro inexplicável Futuro obscuro, me diga quem consegue ver? Detalhes e falhas quase impossíveis de notar A névoa que me cerca e insiste em me proteger É a mesma que, se eu não for esperto, vai me matar Em meio a dilemas, problemas, eu só escrevo Sorte não surte e eu não preciso de trevo Por enquanto me conformo sendo um segredo Penso e tão cedo me desprendo do medo Em meio a dilemas, problemas, eu só escrevo Sorte não surte e eu não preciso de trevo Por enquanto me conformo sendo um segredo Penso e tão cedo me desprendo do medo Gritos no silêncio intenso Num espaço pequeno e ao mesmo tempo imenso Porque eu não tenho nada pra usar como proteção É tão incerto quanto andar sem tocar no chão Mas sinto que não é acaso e sim uma missão Até a resposta chegar vou na contramão Seguindo a herança dos que se foram Dividas e juros, eu tô disposto a tudo Minha mente recentemente é um porão Lotado de diários com vários versos imundos Profundos, preciso me calar pra me ouvir O mundo cobra e dia de folga é só amanhã Ninguém levanta antes de cair A insistência e a excelência são irmãs Promessa vã, acreditar é uma escolha Olhar no olho sem saber onde o olho alcança Nessa floresta minha verdade é só uma folha E a falsidade segue dançando com a confiança Esperança vista por uma brecha A lama que agarra meus pés é Temporária Minha visão é a porta que nunca fecha Minha rima é a flecha que acerta na sua cara Mas nada como um dia após o outro dia Primeiro a tempestade, depois a calmaria Primeiro a noite fria, depois a poesia Quem diria? A vida nem é assim tão vazia Em meio a dilemas, problemas eu só escrevo Sorte não surte e eu não preciso de trevo Por enquanto me conformo sendo um segredo Penso e tão cedo me desprendo do medo Em meio a dilemas, problemas, eu só escrevo Sorte não surte e eu não preciso de trevo Por enquanto me conformo sendo um segredo Penso e tão cedo me desprendo do medo