Os rios que carrego Tem águas vermelhas Mais rubras que as águas No alto Uruguai São águas paridas Na fonte da vida Vertentes perdidas Na história dos pais Nas águas de dentro No rio das funduras Navegam sementes Plantadas em nós São águas maduras As águas vermelhas Os veios antigos Que vem dos avós As águas de dentro São águas de mim Farão corredeira Além do meu tempo Depois do meu fim As águas de herança Dos rios que carrego Vermelhas da ânsia De antigos caudais Tem força de braço No corte do relho E remanso sereno Na luz de ancestrais Os rios que carrego Farão descendência Somando as memórias Trazidas de mim E as águas de dentro Serão corredeiras Nas veias dos filhos Depois do meu fim