Dom Ramon o chalaneiro Não sabia que era saga Batendo os remos na lua Sobre o espelho das águas. Andar com sonhos na proa Do Uruguai ao Ibicuí Pescando auroras nas piavas E a noite nos surubis. Trocou o mango e as rédeas Por redes e outros avios Os horizontes do campo Por sesmarias de rio Quebrava o vidro das águas Que se vestiam de céu Pra ver um astro dourado fisgado Fisgado no espinhal Certo dia Dom Ramon Se enredou nos seus avios E vestido de tarrafa Foi pescado pelo rio Quando a chalana virou Igual a um potro que cai Bebeu estrelas e luar nas águas Nas águas do Uruguai Pouco sabia de domas Costeiro por vocação Nunca fez uso de esporas Em zaino ou alazão E cada piava indócil Ao se ferrar num tirão Era uma estrela cadente Presa na linha de mão Certo dia Dom Ramon Se enredou nos seus avios E vestido de tarrafa Foi pescado pelo rio Quando a chalana virou Igual a um potro que cai Bebeu estrelas e luar nas águas Nas águas do Uruguai