Débora diSá

O Vento

Débora diSá


Da brasa possuída pelo o vento renasce o fogo
Em que tempo passado ou futuro, em que vida
São a brasa e o vento, ternos amantes humanos?
Ela, sobre a relva, como agora, ela, sobre a relva
Ele, talvez um grego, marinheiro, ele, talvez
Um baiano, um guerreiro, um judeu, um muçulmano
Ela, troiana de negros olhos ou Síria de louros cabelos
Ela, brasileira, carioca e é flamengo

A geografia fica toda revirada
A mitologia se embaralha
Ele: Negro, persa, budista?
Ela, de onde mesmo que saiu?

Quem em juízo perfeito se importa com cores ou raças distintas?
Corpos humanos se enlaçam ao vento e a brasa os consome
Não se perguntam de onde vieram, o que são e o que fazem da vida
Só e simplesmente se enlaçam ao vento e a brasa os consome

Quando? Como? Quem? De Jerusalém, Cuiabá?
Quem quer saber de onde você vem?
Índio alemão, negra esquimó, maceió
Que nada, a raça humana é uma só