Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este era o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa primeira fila Ok, eu não sei o ano ao certo, mas Sinto que as linhas do meu destino eram estas Cresci entre o cerco e o candal, um bairro e uma praceta Vim ao mundo sem ser planeado, desculpem a surpresa Mãe, pai, espero que nenhum de vocês se arrependa A minha mãe quase que viu escuro no dia que lhe Arrebentei com a placenta O meu pai chorou comigo e com mais nenhum outro filho Já devia ter previsto qual é que ia ser o seu castigo O vosso anjo era um diabo durante toda a infância Mal educado e revoltado não havia concordância Mãe, a tua mãe sempre foi a mulher da minha vida Lembras-te de me ir buscar ao bairro e eu De ti próprio me escondia? Toda a gente sabia quando é que o daniel ia para casa Era só asneiras que eu berrava, já na altura eu morava Na rua, menino cor de barro e língua suja Até o papagaio da vizinha de cima da minha avó Dizia filha da puta Desde a nascença que conheço o meu melhor amigo A melhor prenda que ele me deu foi ser padrinho do Seu próprio filho Mamávamos nas mamas das mamãs um do outro Cedo aprendemos que aos verdadeiros amigos Se dá um mundo todo Cresci com esse caralho, nem pelos no caralho tinha Fazemos beat-box e rimas com as mãos cheias De tinta, os mais velhos eram a nossa influência A gente cria ser como eles quando chegasse a Nossa adolescência um dia A minha mãe contou-me que havia uma música Que eu gostava, meninos eram rua sésamo E hola puta dela cabra, primeira música que gravei Foi “calimero foi ao cu abelha maia” Os mais velhos riam-se e eu nem sequer sabia do que falava As coisas que uma pessoa se lembra Em honra de todos que conheci vou me tornar numa lenda Foram os jogos de futebol, as bicicletas e os skates Grafites do rasta, do rato e as roupas do preto Desde do concerto dos mind da gap nunca mais Fui o mesmo, em cima de um carrinho de compras Ainda me lembro, na parte de trás do arrábida shops Eu não me esqueço respeito sem cerimónias Pela verdade a preço Será que um dia alguém também vai chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este era o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa primeira fila Como quem, como quem, diz-me como quem Quem eu imitava todos os dias bem Pela manhã os gritos a minha vizinha Dava-me tanga, agora é fã dos meus manuscritos Mas muito antes disso, levava com outros tipos “Meu irmão, achas que vais ser rapper?” olha para ti! Agora que eu sou rapper, olha para mim Acreditei num sonho, lutei e fui até ao fim Tinha um grupo de dádiva sonora Comecei assim, gravador da chick Beat box scratch, fecho éclair Graffiti da sk, qualquer esquina tinha um tag Percebe queria bombar como mb Ser grande como quero Queria que o meu grupo fizesse história No rap tipo mind da gap Mas acabei como comecei, sempre sozinho Com a tua armada infantaria a base de tudo isto Ace, descansa em paz, meu tropa Quem me dera ver-te atrás dos sctp que Paravam na porta da nossa escola Infante, fica a memória maior fábrica de dreds Não havia quem sentisse mais do que nós Tu não percebes Converto só bombava berna, sam, valete e dlm Aos 14 entrei a primeira vez numa batalha de Improviso entende Ainda me lembro rey me perguntar “De onde é que tu és moço?” Eu disse-lhe que era de gaia e sentir aquele nó no pescoço Sou de uma das terras que mais contribuo para o rap português Nova gaia 4400 para todos vocês, battle E eu pensava que era só um improviso, nem sequer Sabia que era para com rimas tentar espancar o outro tipo Senti-me o maior parvo por isso, hoje sou maior A libertar o estilo espero que me perdoem aquilo Vou vos confessar algo ridículo Já a muito tempo que eu dava freestyle Mas só percebi o que era um battle depois de ver O 8 mile, ri-te se te quiseres gozar Isso foi porque nunca tive ninguém para me ensinar Aprendi por mim a respeitar os outros e a trabalhar Para um dia alguém também chamar por mim E vou ouvir gritar o meu nome atrás dessa cortina Este era o sonho que eu tinha quando tava aí Sou mais um menino a cantar nessa primeira fila Comprava, decorava tudo, nem imaginas o que fazia Acho que dava mais backup que os gajos no palco Na primeira fila até o dia 22 de outubro de 2005 Nova gaia pop section, no mítico hard club - Eu pisei esse sítio - Contrato natural [?] primeiro concerto Na noite anterior não dormi, ansioso e histérico Voltei a ficar só e depois sem produtor e Sem nada, sempre a dar improviso Que se foda, eu vou por mim nesta estrada O improviso deu-me a oportunidade de ´ Entrar na ilegal promo, foi nessa altura Que conheci o supremo gravei a música “Lamento” só com candeeiro da secretária Rolo de papel higiénico e fica cola Caixa de sapatilhas para chegar A minha altura e afirmar-me na nova escola Obrigado por tudo a quem me segue sei que Fui mesmo grande seca Já nessa altura era um puto exigente E preexistente como a merda Cada musica faço como se fosse a ultima E essa era a que mudou a minha vida E que me introduziu esta industria nesta era Valete reconheceu o meu trabalho Só espero poder fazer sentir alguém Como ele me fez sentir, obrigado por tudo Tu ouviste bem? Tu eras o meu ídolo, eu era um desconhecido Um zé ninguém deste me a prova quem trabalha Tem o seu reconhecimento um dia também 19 De julho de 2008 pela primeira vez Num palco sozinho, plastic povoa de varzim Lembro me de ir a falar pelo caminho, player me disse Que está uma lua cheia, isso é um bom inicio E eu nem reparava mas desde da primeira vez que eu Reparo sempre nisso Todos os meus amigos foram a esse concerto Tipo casamento, a minha cara metade não demorou Muito mais tempo, reprograma acção tu que aviso De volta ao serviço essa participação fez me perceber Que não é só amor por este sitio Quando pedi ao cruz para assinar a minha Mixtape ainda em cassete não sabia escrever O meu nome logo vi que não tinha sido pelo rap Mas sim pelo que mais batia Entrei em projectos gente desconhecida Desde desse dia isto é muito mais que musica Tu acredita, já me encontrava a trabalhar Com o d1 para mim o meu irmão diego Foi o primeiro produtor desta merda Que me levou a serio Produziu para mim não para aquele que mais Convinha sem pedir um tusto Eu durante dois anos nem sequer aparecia Não tocava, não lançava, gravava só aprendia Guardava, trabalhava em frança Para poder lançar por mim Mais ninguém se mostrava interessado A gente vai vingar a nossa maneira Meu irmão olha o resultado Hoje é o dia em que eles estão a chamar por mim E estou a ouvir gritar o meu nome atrás da cortina Este era o sonho que eu tinha quando estava aí Sou mais um menino a cantar nessa primeira fila 15 De janeiro de 2012, o dia em que o diego faz anos Foi o dia em que lancei o meu primeiro álbum E ficamos para sempre ligados chamei ao meu disco Meu filho, só a minha família sabe o que lutei por aquilo Retiessências era o meu sonho ainda hoje nem acredito Diego lembras-te todos os verões antes de ir para frança Se eu morrer naqueles andaimes tu lança a minha criança Edição independente conheci quase toda a gente A quem vendi o cd, porque fiz de mão em mão Pessoalmente devo tudo mesmo com dificuldades Monetárias compraram o meu trabalho Acompanharam me quase por todas as áreas Sabem que mais não há palavras Só as coisas que tu guardas O melhor de tudo é que nunca mais ninguém vais Poder tira-las, quando acabei retiessências Gravei uma música bambora sem voz A cuspir sangue umas semanas antes de ir para fora Do país trabalhar nas minhas férias de verão Se a música falava em acreditar nos sonhos Lutar com ambição eu faço musica apenas Com uma finalidade poder mostrar a forma Como eu vejo a minha realidade e tentar Com que essa forma tu te sintas acompanhado Ao fim ao cabo eu falo o que sinto para que assim Te sintas identificado, quando lancei o meu cd Muitas coisas mudaram para lá do palco Há muito trabalho que as pessoas não reparam Não trabalho de rotina nem é só festa Como uma televisão aparenta Mas era a vida que eu queria por isso daniel aguenta Quero ser a voz de todos meninos dos subúrbios Embalar os sonos e despertar a conquistar muitos A minha namorada não entendeu o meu sonho Embora também fosse meu sonho Não correu como suposto nos acabamos, bambora Amigos ficaram invejosos eu deixei-os, bambora Inimigos tentaram me derrubar eu venci-os, bambora A industria é contra os meus princípios Não os perdi, bambora Este álbum foi para me lembrar que Asas para voar, punhos fechados para lutar, bambora Pelos que me apoiam e me fazem acreditar, bambora Tu que me estas a esta altura a escutar, bambora Tu que estavas na primeira fila a gritar, bambora Por muito difícil que pareça tudo isto, bambora Também vais ver chegar a tua hora, bambora Grita comigo agora, bambora Todos nascemos para contar a nossa historia Um dia alguém também vai chamar por ti E vais ouvir gritar o teu nome dá cortina Nessa altura espero poder tar ai A berrar o teu nome na primeira fila Bambora!