Coco, xaxado Triângulo, zabumba e fole Numa sala de reboco retado A arte do rei do baião Em Pernambuco eu peguei um pau de arara E vi um cabra com o fole na mão Tocava tudo que dava na telha O sanfoneiro não brincava não Em tom maior ele entoou o xaxado Forró forrado em pleno caminhão E na poeira da carroceria O povo ria e dançava o baião No estradão Coco, xaxado… Chegando ao Rio ele foi tocar na rádio De barbicacho, sanfona e gibão Tocava tudo, tinha o som na veia O sofrimento era a inspiração Em tom menor ele falou da seca Mostrou a dor do homem do sertão O sertanejo é, antes de tudo, um forte Cantou o xote na televisão Com emoção Luiz Gonzaga era o nome dele E foi aquele que inventou o baião Da melodia fez a ferramenta Na poesia sua profissão Mas certo dia Deus chamou por ele Para animar o forró de São de João E o transformou num anjo de asa branca Que em vez de lira toca acordeão