David Ripado

O Meu Ouro São Sonhos

David Ripado


Sangrar, a vida como um punhal às vezes sangra
E tal como o sentir da tua boca
Que foi feita para beijar e às vezes morde
Que parece sensata e às vezes se torna louca
E dói porque a pela não é matéria morta
E dói porque o querer é sofrer às vezes

Medo, a vida dá que pensar e mete medo
E espero pelo momento em que surge a brisa
Que afaga o teu ser em noites de lua cheia
Que prende, solta, acalma e me enlouquece
E assusta pelos gemidos que tu provocas
E também porque o querer é tremer às vezes

E cada um em seu caminho
Grita, canta e rasga os seus medos
E cada qual em seu destino
Busca o sol, vai tentar saber quem é

E fica presa na trincheira a ilusão
Lançando pedras contra a última fronteira
A que separa o mar do céu
Não vejo em ti qualquer barreira
E assim parto para a guerra
E sou semente na Terra

E não me peças tanto coração
Que esse  teu querer não tem razão
O que tenho é um castelo numa estrela
E já não tenho forças para negar
E sabes que pouco vais ganhar
E o meu ouro são os sonhos desta vida

Ri, a vida como um vulcão às vezes ri
E nada tem a ver com o tempo
E ri porque para ela somos tão leves
Tão leves como voar desses teus desejos
E porque o teu pranto não lhe dá pena
E também porque o querer é rir às vezes

Vive, a vida por compaixão às vezes vive
Que não há maior liberdade do que ter-te em frente
E o facto de não te amares não é desculpa
E vive porque o querer é viver mais vezes

E enquanto acredito não vais
Escutar o meu grito
Pois à dor não me vou dar
Pois sofrer também é vida

E não digas nada
Deixa-me estar na janela
Com o corpo noutro lado
Mesmo junto ao Sol nascente

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