Com saudade, Eu me lembro da rocinha, Onde eu e Rosinha, Certa vez fomos morar, Numa casinha pau-a-pique, pobrezinha; Nossas coisinhas Davam pena de se "oiá". Um jirau velho Feito no canto da sala, Mais uma mala Pras visitas vir sentar. Quando era noite O jirau cama virava E a gente se amava contemplando o luar. Uma botija d`água Perto do fogão; No caldeirão Só feijão pra cozinhar; Uns canequinhos Pra gente tomar café, Mas tínhamos fé Que tudo ia melhorar. Um balaio "véio" Pra colocar os meninos Que vinham vindo, Todo ano, sem parar. Mais parecia Uma ninhada de ratos, Pois lá no mato Não tem TV pra se olhar. Nossa casinha Era mesmo tão singela, Mas era ela, com certeza, Que eu quis. Apesar de quase nada a gente ter, Mas, pode crer, Eu era muito feliz. No fim dos dias Reunia a filharada, Uma oração Fazia pra agradecer. Deus do céu Sempre nos abençoava E não faltava Lá em casa o que comer. Mas em Rosinha Bateu uma vaidade E pra cidade Nós tivemos que mudar. Desfizemos Daquelas nossas coisinhas E pra rocinha Não pudemos mais voltar. E, esta é a história triste De um roceiro, Sem paradeiro, Nas bandas da "capitá", Como milhões de outros Na mesma escola, Pedindo esmolas Pra não precisar roubar.