Na fila do hospital para poder ser atendido Prioridade casual A mãe está tendo um filho Sequencia sentida, de contrações Estágio final, com as devidas dilatações! Senhora enfermeira, me chame o doutor! É o apelo do pai, clamando pelo amor De Deus Senhor: Preencha a ficha Que uma hora chega sua vez Olha o tamanho da fila! Mas senhora sim meu caso é urgente! Senhor o hospital têm excesso de contingente! Revolta, descaso, sem saber o proceder Para o filho nascer, o pai quase enlouquecer! Ao olhar para o lado, despertou consciência Seu caso era grave, mas manteve a prudência Prudência, indignação, o que ele teria Vendo nascer seu filho, sob olhos vigias! Não do médico, mas sim dos que ali estavam Tristes sem saber o porquê que esperavam! Dizer que a saúde é prioridade no governo Por favor, srº Secretário Não comenta esse erro! Na fila do hospital pelo parto normal Nasceu a esperança no descaso social Os governantes podem sim: Algo fazer Honrem seus discursos, podia ser você! Lembrei de algo, privilegio de poucos Saúde privada, enquanto outros, tipo porco Porco alimentado só para engordar Os cofres públicos ainda, temos que inflar Mas o pai em desespero, sem saber o que fazer Chamou o maqueiro para poder interceder E tirar sua mulher da fila da indigência Um filho prematuro nascido da imprudência Da demência, do descaso social Novamente ao poder publico: Cadê sua moral? Na fila do hospital pelo parto normal Nasceu a esperança no descaso social Os governantes podem sim: Algo fazer Honrem seus discursos, podia ser você! Acidente de moto quebrou a clavícula Se fosse o fêmur, prioridade na lista Um idoso passou mal, com crise de pressão Foi baixa? Vai para o fim, pois não é hipertensão! E a velhinha com trombose Totalmente agonizando Não é arterial, venosa vai esperando! Um garoto jogando bola torceu o pé Isso nem pensar, vai passando já é! Ligou a sirene lá no saguão Não era ambulância, é a policia meu irmão! Um detento comprou briga lá na cela Outro esfaqueou com uma faca cega! Cego é o país e os nossos dirigentes Inventando várias leis Mas o povo excludente! Depender da saúde, a população brasileira É melhor o pai ter fé E apelar para rezadeira! Depois de tudo isso foi escolhida E dada à ficha Mas nasceu nos corredores Com plateia otimista Porque o nome dado àquela criança Em meio a todo o caos, se chamou esperança! Na fila do hospital pelo parto normal Nasceu a esperança no descaso social Os governantes podem sim: Algo fazer Honrem seus discursos, podia ser você!