Foi por ela que amanhã me vou embora Ontem mesmo hoje e sempre ainda agora Sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa Diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança Em Lisboa fica o Tejo a ver navios Dos rossios de guitarras à janela Foi por ela que eu já danço a valsa em pontas Que eu passei das minhas contas foi por ela Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos Em vez daquela manga curta colorida Se vais sair minha nação dos cabeçalhos Ainda a tiritar de frio acometida Mas o calor que era dantes também farta E esvai-se o tropical sentido na lapela Foi por ela que eu vesti fato e gravata Que o Sol até nem me faz falta foi por ela Foi por ela que eu passo coisas graves E passei passando as passas dos Algarves Com tanto santo milagreiro todo o ano Foi por milagre que eu até nasci profano E venho assim como um tritão subindo os rios Que dão forma como um Deus ao rosto dela Foi por ela que eu deixei de ser quem era Sem saber o que me espera foi por ela