Amanheceu o tempo da resistência O nosso canto traz sua presença Um lugar de acolhida do mistério da vida Que convoca pra luta e empodera o corpo Pede licença ao amor, e despede o horror Arrebenta correntes e liberta da dor Corre em águas profundas chamando o carnaval Os caminhos se abrem para a festa imortal Onde o ceú, sem limite, samba-reggae e diz Vem e cala aopressão, fazo povo feliz Aidê! No braço demaré Aidê! Com esperança e fé Camugerê é o templo da igualdade Do ser mulher e viver por liberdade É o encontro dos mares, dobatuque e calor Que batiza esta ilha e combate o temor Vai buscar suas crias nas marés de estação E cuidar da poesia como revolução Dá sentido à batalha feito lenha em fornalha E convida as mulheres para a dança da praça Onde a latina terra grita, sim, senhor Nós queremos justiça: Marielle chegou! Aidê, no braço de maré Aidê, com esperança e fé Cores de aidê são amores em segredo Das vozes livres de um Atlântico sem medo Contagiando as mulheres por aguerrida paixão Nordestina, africana, latina e de todo chão Enquanto a terra se move, o universo entoa O gemido do homem tombado, mestre moa A sua morte estende uma injustiça cruel Nossos punhos se erguem contra o gosto do fel E o toque dos tambores chora a fatal repressão Katendê nosso grito soa por libertação Aidê, no braço de maré Aidê, com esperança e fé