Eu morava numa casinha Quase na beira de um rio Lá eu via o pôr-do-Sol E a chegada de um navio Que atracava o cais do porto E os botos ficavam no cio Eu andava com um estilingue Que eu mesmo fiz Jogava peão no chão Essas coisas de menino Mas respeitava o divino Lá eu era tão feliz Tempos de menino é único Não voltam jamais Tempos de amor platônico Das paqueras nos quintais Do empinar de papagaio Tempos bons que são demais Hoje eu só tenho as estrelas Testemunhas do que passei Das correntezas que remei Das coisas e tais Meu pensamento se revela Voa nas asas da saudade Lembro-me da minha cidade Dos barcos no cais Tempo vem Tempo vai Tempos da beira de um cais Tempos que não voltam nunca mais