Claudio Agá

Cortina de Teatro

Claudio Agá


De longe, longe, longe
O ar tão discreto
De perto, perto, perto
Não estou certo
Mas me alerto
Que te encontrei
Seu cabelo feito cortina de teatro
Se abre e vem de fato

Um sorriso liso, e aviso
É sorriso que arrasa
Traz a luz que eu preciso
Mas não sei onde piso
O chão é tão liso
Que escorreguei
Corpo inteiro, sim me fascina de fato
Mas se pede meu extrato

E que dúvida você me arranja
Que falsa espera
Seus cabelos ganham franjas
Ou será que são tranças?
Esta dúvida me cansa
Mas como responder?

Se a ciranda
Da minha rua
É diferente da sua
Sua letra é mais perfeita
E sua mão direita
Sempre ajeita
O meu borrão
Seu poema é maior que o romance que eu faço
E corrige o meu traço

Não há cura, quem atura
Se passo da conta?
Se você nunca fica tonta
Quem é que desmonta
Se alguém apronta
Decepção?
A promessa é como a notícia, o fato
Se apuro, eu relato

Na estrada desta crise
Quem é que dirige?
Na hora da vertigem
A dor que me atinge
É que a gente sempre finge
Que o mundo está bom