Clara Noite

Senhora

Clara Noite


Tão solta, tão disposta, soltinha toda
Anda a distribuir elogios
E galanteios aos ares

Tão leve, ela é tão de ninguém
Que quero ser dela
Quero que esse querer seja dela também

Nem seletiva, somente livre
Somente solta, soltinha toda
Tão de ninguém
É mulher do mundo

Sem ônus, quase sempre sem bônus
Eu só invejo o riso livre do seu rosto
Aquele riso solto
E faço tanto gosto

Porque sendo solta
Ela é ela, no seu estado bruto
Só carne, só momento, e curto
Só prazer, sem ônus, sem hora
Sem lamentos

Ela é tão ela quando é solta
Bastou ser solta pra ser ela
E só a descobri, estando solta