Ninguém mais por aqui quer suar a camisa, o vento trás a fedentina, sem pedir licença pra entrar na sua narina, aquela brisa virou maresia e enferrujou a dobradiça, da porta principal da vida, minha alma incaliça a cada dia, eu e você hoje só somos notícia, estatística, mais um no exame de balística, mais trabalho pra perícia, corre, corre lá vem à polícia, mão pra cima na esquina, a sirene agora é a trilha vende mais do que o rap, colou na mídia como chiclete, investidores a cada hora passam cheque, forjando um beck no bolso do moleque, a violência é vendida nas prateleiras do submundo, preto na rua com certeza é vagabundo, são quase todos pretos, são quase todos brancos, minha cor no terceiro mundo, um buraco sem fundo, gabiru no muro de campana causa tumulto, alguns já correram pro culto pra buscar refúgio espiritual, físico, tô de luto, quem não foi sujo por um momento, hoje fora de assunto, um por todos, todos por um não vou esperar o sistema já disse muçum... Eu vou faze o meu e cada um faça o seu, que Deus faça por todos, porque Zé já se perdeu... Como uma locomotiva, vou tocar a minha vida e os jornais não vão me ver mais virar noticia Estou entre o amor e o sexo, entre a paz e o ódio, entre a pedra e o isqueiro, o oculto e o óbvio, sou lógico, sou mórbido, sarcástico e fórmico, a babilônia programou um mutante, um robótico, um protótipo do ócio, sem carne, sangue, sem ossos, registrando tudo através dos olhos, na memória guardo tudo como o IML guarda corpos, vamos brindar um novo ser... E ae man pega ai meu copo... Kkkkkk Hoje é cara a cara... De cara com o cara, carcará que sobrevoa todo dia minha casa, carcará que já comeu e só deixou pra mim carcaça, carcará taca meu povo no fogo da minha saga. Eu vou faze o meu e cada um faça o seu, que deus faça por todos, porque Zé já se perdeu... Como uma locomotiva, vou tocar a minha vida e os jornais não vão me ver mais virar noticia