Cido Garoto

Tropeiro Sorocabano

Cido Garoto


Ei lái lá ei, ei lái lá ei
Ei lái lá ei, ei lái lá ei
Ei lái lá ei, ei lái lá ei
Ei lái lá ei, ei lái lá ei

Hoje nóis tamo cantando
É no estúdio do Alemão
Na viola tá o Caetano
E o Caseirinho no violão

E o Gustavo tá gravando
Controlando nos botão
Tamo em quatro companheiro
Alemão tá no pandeiro
Pra fazer a marcação

Que viva o sorocabano
Que é morador do nosso chão
Sorocaba completando
O mês que vem mais um verão

Aqui eu vivo morando
É onde meus filhos tão
Cidade que todos gaba
Só saio de Sorocabana
Se fô dentro de um caixão

Naquele tempo passado
Naquele tempo de pião
O serviço era pesado
Pois era tudo feito a mão

Era mato em tudo o lado
Sorocaba era sertão
E na beira de nosso rio
A primeira casa surgiu
A primeira habitação

Naquelas eras passada
Era duro a situação
Ferramenta era a enxada
Foice, machado e facão

Ainda não havia estrada
Não havia o caminhão
Faziam todo o transporte
No lombo dos burro forte
E nas corage do pião

Sorocaba antigamente
Plantava muito argodão
O governo dava semente
Pra plantá no nosso chão

O nosso clima era quente
Dava boa plantação
E os tropêro aqui ficava
Todo o argodão levava
Pra São Paulo e pra região

Na terra Sorocabana
É onde parava os pião
Aquelas tropa bacana
Vinha de toda a região

Tinha o Paço da Siena
Onde vivia os pião
E pra quem nunca soube eu falo
Tinha o Porto do Cavalo
Que se fazia reunião

E quando a tropa caminhava
Arrancava poeira do chão
Na frente da tropa andava
A madrinha do cordão

Era uma égua que puxava
Toda a tropa de pião
Uma égua do pelo grosso
Com cincerro no pescoço
Que puxava as criação

E quando a tropa parava
Pra fazer a refeição
Da cangaia eles tirava
A sua alimentação

Carne seca não fartava
E farinha também não
E na sombra de um anjiqueiro
Fazia um feijão tropêro
Que faceava o cardeirão

Hoje tudo se acabô
Acabô as tropa de pião
Porque o progresso chegô
Das tropa largaro mão

E o tropêro pendurô
A sua traia no porão
Mas ficô na nossa memória
Um pedacinho da história
Pra nossa recordação

E hoje nóis vamo cantá
É pela escala do Alemão
Braço e preto se enfrentá
Só nóis vê quem é mais bão

Mas somente vamo brigá
É no verso de trovação
E pra ninguém ficá indeciso
Carrara pega o Narciso
Que dô conta do Negão

Hoje o Daniel eu abuso
Já vô dá meu cutucão
Eu vi dizê que o Araújo
Tá numa triste situação

Andando pra rua sujo
E com um carrinho de mão
Até parece brincadêra
Catando resto de fêra
Que o pessoár joga no chão

Eu já cantei, já provoquei
Eu não sei se assim tá bão
Eu não sei se eu agradei
Mas fiz a minha obrigação

E agora vô terminá
E descurpe se não tá bão
Para o pessoár que tá escutando
E os que tão me acompanhando
Eu que devo obrigação