Cícero Billy Alves

A Dose É Que Difere o Remédio do Veneno

Cícero Billy Alves


Bota mais uma aí, Rodolfo!
Devagar, meu irmão, que o santo é de barro!

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

De manhã cedo lá vaqi ele
Todo dia é assim
Numa baita tremedeira
Vai bater no botequim

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

A primeira é rebelde
Tem que ter concentração
Vira o copo de uma vez
Pra pinga não chover no chão

O carão de lua cheia
Falta só aluminar
Os pisantes no sapato
Já não podem mais entrar

Quando lhe bate o delírio
Ele Vê assombração
Jacaré de bicicleta
E caça ninho de avião

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

Tanta desculpa inventa
Que é pra não ir trabalhar
Catapora, reumatismo
Dor de dente, Calazar

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

A mulher é uma santa
Que só vive a labutar
Não tem onde esconde a grana
Pro danado não achar

Ele também vira bicho
Só vendo a transformação
Logo depois da primeira
É macaco, é gozação

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

Quando já ta turbinado
É leão, é valentão
Depois ronca como um porco
Esparramado pelo chão

Gente boa, meu colega
Vamos andar com atenção
Se na mão é arriscado
Ainda mais na contra-mão

Ele ta inchado de tanto beber
Ele já ta inchado de tanto beber

Gato é grande pra rato
Mas pra onça é pequeno
A dose é que difere
O remédio do veneno