Basta umas duas chuvinha Na terra do meu sertão E o verde já sai vistoso, Chega fica esperançoso o coração Água me vem dos ói também De tanta alegria que me deu Eu vou é dormir feliz Só porque hoje choveu E olhando pr'esse céu cinza Bonito que só Me lembro logo da esperança Que já cantava minha vó De que tudo por mais lindo Ou por mais feio que pareça Vai findar no infinito Que não tem nem quem mereça A casa tem tanajura Barulho d'água na telha O cheiro que rega a alma Sobe da terra vermelha Corro pra varanda e vejo A bica se derramar E penso logo Nele A Água Viva, que me prometeu um lar Mas o que que vem depois dessa vida severina? Dessa lida, dessa estrada, da jornada peregrina? Depois que passa o gado, a chuva, o sol, Depois que se planta e se colhe E depois que se guarda o anzol? Vem a paz que vem curar As feridas dos meus pés, Que cansaram dessa peleja Entre a sorte e o revés Vem o canto forte e alto Do sabiá, do bem-te-vi Do que conseguiu pensar No horizonte alem daqui E andando com o pé no chão Eu caminho por este nordeste Do meio-norte até o sertão, Da zona-da-mata até o agreste Lembro de olhar pro alto, Onde é meu lugar E mesmo vivendo aqui Eu canto e digo: óia lá.