Eu sou a representação contínua De como o tempo pode ser inútil Igual a mim Sou frágil como a flor que cresce Feito mato no quintal Pobre de mim E eu planto um matagal de incertezas Que devoram borboletas No meu jardim E eu vou sentir o meu espinho E a dor me fazendo carinho E a dor vai ser bem mais bonita quando eu gritar E a dor vai ser minha obra prima quando eu gritar Sou tédio que invade casas Sou ave que não criou asas Poeta que não sabe amar Cantor que não sabe cantar Eu sou o barulho sem ruído Autor de livro nunca lido Sou tudo o que eu mais detesto e quero ficar só Que a vida me deixe sozinho Porque eu não aguento olhar pra cara dela Que o mundo siga seu caminho Porque eu já não brinco de rodar com ele Que a racionalidade vá Que eu mesmo nunca a entendi Que o vão se encha de vazio Que os dentes me façam sorrir Que o Sol derreta minha pele Que tudo que é calor congele Que os tímpanos estourem quando o silêncio gritar Buáá!