Casa de Caba

O Retorno de Saturno

Casa de Caba


Eu sou a representação contínua
De como o tempo pode ser inútil
Igual a mim
Sou frágil como a flor que cresce
Feito mato no quintal
Pobre de mim
E eu planto um matagal de incertezas
Que devoram borboletas
No meu jardim
E eu vou sentir o meu espinho
E a dor me fazendo carinho
E a dor vai ser bem mais bonita quando eu gritar
E a dor vai ser minha obra prima quando eu gritar
Sou tédio que invade casas
Sou ave que não criou asas
Poeta que não sabe amar
Cantor que não sabe cantar
Eu sou o barulho sem ruído
Autor de livro nunca lido
Sou tudo o que eu mais detesto e quero ficar só
Que a vida me deixe sozinho
Porque eu não aguento olhar pra cara dela
Que o mundo siga seu caminho
Porque eu já não brinco de rodar com ele
Que a racionalidade vá
Que eu mesmo nunca a entendi
Que o vão se encha de vazio
Que os dentes me façam sorrir
Que o Sol derreta minha pele
Que tudo que é calor congele
Que os tímpanos estourem quando o silêncio gritar
Buáá!