Carreiro e Carreiinho

Viagem Penosa

Carreiro e Carreiinho


Me lembro e tenho saudade
Quando eu viajava e sofria
Do tempo que eu era moço
Viagens penosa eu fazia

Quando eu era boiadeiro
De Mato Grosso a Bahia
As estradas boiadeira
Naquele tempo não havia
Era só um picadão
Atravessando a sertania

Quando era de madrugada
Bem longe a barra do dia
Pegava o basto chapeado
E apertava a besta tordia

Com meu laço na garupa
Que tinha treze ródia
Na cabeça do arreio
O meu colt cavalaria
Viagem pra mais de um mês
Numa semana eu fazia

Soltava a mula na estrada
E a besta só rédia pedia
Fazendo marcha batida
De vinte e uma léguas por dia

Eu ficava aborrecido
Quando a mata escurecia
Eu deitava na macega
Suspirando amanhecia
Às vezes perto da morte
E tão longe da família

Me lembro daquele tempo
E a saudade é que me judia
Meus prazeres se acabaram
Eu não tenho mais alegria

Ficou pra recordação
As viagens que eu fazia
Deixei de ser boiadeiro
Não voltei mais lá pra Bahia
Antigamente eu fui zape
Já não sou nem espadia

A viagem mais penosa
É a que eu faço hoje em dia
Porque a viagem da vida
É melhor quando inicia

Já tenho os cabelos brancos
Desta viagem sombria
Sentado aqui no baldrame
Desta pobre moradia
Ficou eu e a viola
E só Deus por companhia