Eu moro na capital Mas nasci no interior Fui criado lá na roça Sou filho de lavrador Fui colono e fui meieiro Fui peão e domador Fui ponteiro de boiada Passo a passo nas estradas Muitos bois me acompanhou Acordava bem cedinho No cantar da passarada O brilho da estrela Dalva E a neblina nas baixadas O grito do gavião Lá no alto da copada Malicioso e traiçoeiro Dava seus gritos primeiros Preparando a emboscada Desarmava minha rede E ajuntava meus baixeiros Lavava o rosto na fonte E chamava o cozinheiro Preparava o café E arribava seu cargueiro Dava um toque no berrante Ouvia no mesmo instante O berro dos pantaneiros A peonada disposta Selava os seus animais Despontava na boiada Na porteira o capataz Dizia com consciência Pra não ficar boi pra trás O berrante lá na frente Repicava lentamente Dando os primeiros sinais O transporte de boiada Para nós velhos peão Não era só por prazer Era nosso ganha pão Com o tempo, infelizmente Veio os grandes caminhão Asfaltaram nossa estrada Deixando toda a peonada Mal dizendo a evolução