Carreiro e Carreiinho

Ponteiro de Boiada

Carreiro e Carreiinho


Eu moro na capital
Mas nasci no interior
Fui criado lá na roça
Sou filho de lavrador

Fui colono e fui meieiro
Fui peão e domador
Fui ponteiro de boiada
Passo a passo nas estradas
Muitos bois me acompanhou

Acordava bem cedinho
No cantar da passarada
O brilho da estrela Dalva
E a neblina nas baixadas

O grito do gavião
Lá no alto da copada
Malicioso e traiçoeiro
Dava seus gritos primeiros
Preparando a emboscada

Desarmava minha rede
E ajuntava meus baixeiros
Lavava o rosto na fonte
E chamava o cozinheiro

Preparava o café
E arribava seu cargueiro
Dava um toque no berrante
Ouvia no mesmo instante
O berro dos pantaneiros

A peonada disposta
Selava os seus animais
Despontava na boiada
Na porteira o capataz

Dizia com consciência
Pra não ficar boi pra trás
O berrante lá na frente
Repicava lentamente
Dando os primeiros sinais

O transporte de boiada
Para nós velhos peão
Não era só por prazer
Era nosso ganha pão

Com o tempo, infelizmente
Veio os grandes caminhão
Asfaltaram nossa estrada
Deixando toda a peonada
Mal dizendo a evolução