Carreiro e Carreiinho

Passagem da Minha Vida

Carreiro e Carreiinho


Na serra aonde eu nasci
A gente só escuta o cantar dos pássaros
E a cigarra canta naquela sombra
Nas árvores em dias de bem mormaço

É um lugar tão montanhoso
Que o Sol demora a surgir no espaço
Mas se de lá mudar meus parentes
Nem a passeio por lá não passo

Vivi lá até os quinze ano
Amontando em boi e jogando laço
Tirei diploma do quarto ano
Meu pai me dando muitos repasso

Depois mudei pra Pardinho
Fui pegando mais desembaraço
Com meus colegas de vez em quando
Uma serenata era meus disfarço

Em casa eu era o caçula
Levava a vida de um ricaço
Depois a minha mãe faleceu
Sofri também diversos fracasso

Me arribei por outras terras
Vim sem destino e fiz como um pássaro
Que quando dá uma tempestade
Ele perde o ninho e vaga no espaço

Eu tenho esta inclinação
Que eu hei de viver com a viola nos braço
Conheço o nosso Brasil inteiro
De avião, de carro e de trem de aço

Antes não ganhava nada
Hoje no bolso dinheiro é aos maço
Eu levo a minha vida folgada
Tudo que eu quero eu faço e desfaço

Hoje a sorte me acompanha
Eu deixo saudade em lugar que eu passo
As morenas chora na despedida
Chega até soluçar no meus braço

Certos cara vendo isso
De despeitados tem feito ameaço
Sabem que eu tenho peito de bronze
Os braços de ferro e punhos de aço