Carreiro e Carreiinho

Oceano da Vida

Carreiro e Carreiinho


Vejo no espelho o meu rosto envelhecendo
Qual oceano após a sanha de um tufão
A espuma branca são meus cabelos grisalhos
Minha calvície é a praia da ilusão

As minhas rugas são as ondas traiçoeiras
Que se avolumam com os fortes vendavais
Meus olhos fundos são dois barcos naufragados
Que sobre as ondas não emergem nunca mais

Meus lábios frios já quase mortos
Tem sido o porto anos atrás
Onde atracavam lábios ardentes
Hoje só resta a solidão do cais

Velhos amores para bem longe voaram
Como gaivota que se perde sobre o mar
A mocidade ficou longe como as rochas
Onde só as ondas da saudade vão beijar

Vagando vou como um navio que perde o rumo
Não encontro o cais onde eu consiga me ancorar
É tão pesada a bagagem de meus anos
Que está fazendo minha vida naufragar

Meus lábios frios já quase mortos
Tem sido o porto anos atrás
Onde atracavam lábios ardentes
Hoje só resta a solidão do cais