Olha lá, ó alfacinha Dos centros comerciais Dos hamburguers, da roupinha E de outras coisas fatais Não conheces o país Nunca foste a Portugal Nem mergulhaste o nariz Nas praias do Litoral E nunca ouviste o silêncio Nos confins do Alentejo Nem saíste de Lisboa Nem sabes onde é o Tejo Nem viveste uma matança Numa aldeia branca, remota De um porco de confiança Só engordado a bolota Compras o que não precisas Com dinheiro que não tens Mas já tens o telefone Que a televisão te vendeu Ás missa tu dizes não E ninguém te beatifica Ou ruges como um leão Ou rezas pelo Benfica Também vais á discoteca Com esse teu ar parolo Peruca sobre a careca Fazer figura de tolo Trabalhas que nem um cão E ainda por cima, és mal pago Tu só vês televisão Vendes a alma ao diabo Deves ir ao oculista P’ra te pôr lentes melhores A ver se vês Portugal E todos os seus primores Queres um conselho d’amigo De experiência bem vivida? Deixa o joio, guarda o trigo Começa a viver a vida