Se você tem sinal vital pra ouvir essa letra É porque uma bala ainda não foi endereçada pra sua cabeça Quinzenalmente sem querer querendo, o chumbo estatal Põe fita de luto e mãe chorando em rede social Vim deletar a maior lenda urbana atual O conto da bala perdida, do óbito não intencional A narrativa fantasiosa encobre que atiradores Usam o tom da pele e miséria como rastreadores Não preciso ser expert em teste de lógica Se a diligência só no gueto só tem criança pobre e morta Se são perdidas, porque os cartuchos de alto desempenho Não atingem juiz, empreiteiro, novo senhor de engenho O boy quer nos afogar em jaula como o Estado Islâmico Criar autópsia acidental, nem delirando Vou criar o aplicativo onde a polícia não da tiro No Dante Alighieri, no Paulistano, a boate com perfil proibido Não adianta blindar a escola se o PM tem o comando De gerar por dia um massacre de Suzano Lembro de George Orwell quando o sangue esvai do morto Todos são iguais, mas uns mais que os outros Não omito quero pólvora correndo corpo à dentro Do excremento que rasga o estatuto do desarmamento No mínimo, vou ser preso como terrorista Por achar mais fácil a loira do banheiro do que uma bala perdida Não existe tiro acidental Não existe velório não intencional No monte do calvário, cada disparo Vem com CEP, remetente, destinatário Caçados como patos, estamos na mira, somos alvo Da bala endereçada do assassino fardado Governo fascista garante o Apartheid Promovendo a caça humana nas comunidades O que esperar da nova ditadura implantada? Que apoia quem colocava ratos em vaginas de torturadas Sempre que tem criança abatida à tática É o batalhão falar que não teve ação policial na área Confronto entre facções criminosas rivais Sempre serão as alegações das versões oficiais Adulto é vítima da tropa e de vilipêndio Mesmo empregado, o finado vira líder do movimento As manifestações pela morte no noticiário Serão chamadas por arrombados de represálias do tráfico Em cada cartela de munição ponta oca Vem 10 unidades de inocentes com formiga na boca 10 famílias aos prantos rezando o Pai Nosso Gritando: Resiste em nome de Deus, não feche os olhos Não se convença que é tragédia ocasional Traumatologista forense periciando córtex cerebral Quando assassinam o menino na porta de casa Seguem Arthur de Gobineau, superioridade das raças Faça faxina social no perigo constante Pra quem bebe Billionarie na garrafa com diamante Ou lutamos por direito à vida pra nossa gente Ou gritamos todo dia: Fulano, ciclano, presente Não existe tiro acidental Não existe velório não intencional No monte do calvário, cada disparo Vem com CEP, remetente, destinatário Caçados como patos, estamos na mira, somos alvo Da bala endereçada do assassino fardado Vamos ficar com seus dados pessoais Se colar no corregedor, ganha rosas sepulcrais É a frase mais comum no novo estádio do Chile Assim que chacinam pelas famílias donas de metade do PIB A média é 40 tiroteios por dia no Brasil Membro do Talibã, isso mesmo que você ouviu Pode rasgar seu certificado de terrorista Pra fazer jus, tem que ter aula com a nossa polícia Aí América, 100 milhões pra bala teleguiada Era só usar a tecnologia do atirador de farda Meu objetivo ambicioso e agressivo É que deixem de fazer periferia de Stand de tiros Fomos reduzidos a alvo, a papel silhueta Que gambé brinca de Battlefield, atirando de escopeta No PowerPoint não tinha área de risco Que crianças devem usar colete balístico É pela Ágata, Jennifer, Cauã, Cauê meu relato Emilly, Sofia, Brenda, Larissa, Guilherme, Marcos Jeremias, Márlon, Artur Cosme no ventre materno Benjamin no carro de bebê, Duda no colégio Caso de grande repercussão é mais do que foda Fazem balística instantânea porque a mídia quer resposta Mas senhor, tenho álibi: Tava no trabalho! -Foda-se, o tiro saiu do seu cano, cala a boca caralho! Não existe tiro acidental Não existe velório não intencional No monte do calvário, cada disparo Vem com CEP, remetente, destinatário Caçados como patos, estamos na mira, somos alvo Da bala endereçada do assassino fardado