A cidade me joga tantos ruídos Ouvidos adentro E tantas imagens de coisas acontecendo Eu que já nasci distraído Não consigo processar Muito menos respirar Em ambiente que em todo sentido Me envolve poluído Indivíduos perdem identidade e espírito Numa mistura de concreto e barulho indistinto Ideias vendidas em forma de revista Outdoors que educam Com mentira colorida E quanto mais eu gasto, mais o mundo gira Pra isso acordo cedo todo dia Venho pro escritório no décimo terceiro andar E por oito horas assisto a cidade de cima Percebo que o cinza predomina Ainda que um grafite ou outro No muro branco de alguma esquina Tente mostrar que a arte respira Tomo um remédio por conta Dor de cabeça não alivia Ligo a tv, só pela companhia Mato a fome, abandono os talheres na pia Uma última olhada no espelho do banheiro Escoro a cabeça no travesseiro E o mundo rodopia