Hoje é o dia Mais feliz da minha vida Estou dando a despedida Dessa selva de concreto Estou voltando Novamente pro sertão Onde a população Jamais passará por perto Cidade grande Me deu muita alegria Riqueza para a família Só tenho que agradecer Mais eu confesso Que a minha felicidade Tá distante da cidade Onde eu quero morrer Eu trabalhei Aqui como um condenado Por pequeno ordenado Só para me alimentar E foi lutando Que eu venci na vida E assim foi construída A vontade de regressar Esse é o motivo Que comprei essa fazenda Pra viver com minha prenda Estes anos que me resta Viver a vida Que eu sempre sonhei Nesse lugar que achei Quase dentro da floresta Pois lá É um bom lugar para pescar Espingarda pra caçar Capivara e uns marrotes Grande terreiro E uma extensa horta Lindo pasto que suporta A tropa e alguns garrotes Fogão a lenha Uma imensa varanda Se olhar por toda a banda Vai ver uma criação Tem um pomar E muitos pés de ipê E atrás da casa vê Alqueires de plantação Só que meus filhos Preferem aqui ficar Ainda querem se formar Nessa terra de bacana Mas já fizeram Para mim uma promessa Que vão pra lá fazer festa Todo final de semana A minha vida Agora é sossegada Só viola e trucada Paieiro e pescaria Anoitecer Deitado em uma rede Naquele recanto verde Olhando a Lua todo dia Cidade grande Te admiro com franqueza Pois você me deu riqueza Conforto e uma família Mas não me deu O ar puro das campinas Nem as belezas divinas Como a Lua que brilha E é por isso Que estou partindo agora Junto com minha senhora Praquele mundo de paz Que Deus de sorte A todos os filhos meus Cidade grande adeus Adeus para nunca mais