Ouviram só o repique de um berrante Pra lá da porteira E o tropel de uma boiada Que vem estourada lá no estradão Mas não se vê nem um gado É só o berrante na solidão Mas não se vê nem um gado É só o berrante na solidão Pra lá de um mata-burro Numa santa cruz perto de um grotão Meia-noite um boiadeiro Toca o berrante pedindo oração Pra livrar-se da penitência Porque seus pecados não teve perdão Pra livrar-se da penitência Porque seus pecados não teve perdão A alma do boiadeiro Que pelo dinheiro matou os pais e os irmãos Vagando vai pelo espaço com seus tristes ais Sem tê sarvação O castigo para quem mata É morrê seco e matado na mais triste solidão E assim morreu o boiadeiro Repicando o berrante na santa cruz do grotão Assim diz a boiadeirada Nascido e criado em nosso sertão Rezamos todos os dias Pra que este berrante não toque mais não É um repicado tão triste É alma perdida na escuridão É um repicado tão triste É alma perdida na escuridão