Pudesse andar Sem sentir a todo momento A sua presença a me perscrutar O seu sorriso dissimulado De mim ou para mim? A dúvida cruel Que a minha timidez amplifica Com tal intensidade Que dói como uma úlcera Roendo os meus sentimentos [ também dissimulados] Ou... Talvez... Por quê? Amo sem perceber Ou sem querer amar Como se fosse coisa que eu pudesse controlar Contorço como um insano faquir Meto-me em apuros Deixo os meus gestos me traírem Não sei como eu fujo Sei que é difícil dizer O que já foi insinuado Corro de tudo que é obvio mais isso não alivia, não A dor de ser o medo de ter Tudo isso assombra os meus dias Pois Amo sem perceber Ou sem querer amar Como se fosse coisa que eu pudesse controlar Caminho a tarde toda e volto para o mesmo ponto de ônibus Olho para as luzes e nada vejo São muito brilhantes para as minhas retinas Preciso de algo opaco Preciso de algo mais fraco Que combine comigo Com quem Ama sem perceber Ou não sem querer amar Quer controlar o mundo E vive dum sentimento absurdo: [ela nunca mais irá voltar!]