Não leve a mal, mas mal nos levarão a algum lugar São tempos difíceis, estancaram a sangria Mas a realidade é fria, e ainda está por sangrar Como é que eu posso não me preocupar? O peito mal consegue respirar! Por isso ando meio desligado E às vezes me pego parado Procurando sentir uma gota de vida e nela mergulhar E enquanto alimentamos o que resta de chama A fome volta junto ao óleo e à lama Queimam as bruxas, os museus, o Pantanal, a Amazônia Não quero que venham nos apagar Junto com tudo àquilo que havia de sólido e óbvio Criando um mundo paralelo, hostil, e cheio de ódio Em que fazem qualquer coisa para justificar a barbárie Toda essa crise tem nos paralisado E não tem inspirado mais nenhuma primavera árabe?! Sedentos de ordem, chocamos o ovo do caos A serpente já nos morde: Eis o novo normal! Tateando incertezas ou cegos de ignorância Inflamos as defesas, os egos e as inseguranças A confiança de quem luta todo dia À revelia de quem tem desesperança É mais barato um prato de ilusão Mas é caro o que os incautos pagarão Embora sejamos a refeição dessa distopia E eu sei, meu bem, dá medo Dá muito, muito medo E já não é mais segredo Que só ele tem funcionado bem Perseverança! Sejamos a horda que a revolução convém Mesmo à distância Ninguém solta a mão de ninguém! Se sinta em casa E se permita queimar feito brasa Se sinta em casa E se permita queimar feito brasa (Ê ê, erê, ê ê!) Se sinta em casa (Ê ê, erê, ê ê!) E se permita queimar feito brasa (Ê ê, erê, ê ê!) E se sinta em casa (Ê ê, erê, ê ê!) E se permita queimar feito brasa (Ê ê, erê, ê ê!)