Outra manha qualquer Nesta artéria paralela a Marginal A vida transita e se amontoa na esquina Da Cardoso com a Funchal A via aberta, a multidão que se dispersa Descompasso singular Ora marcham livremente, ou deslizam cegamente Pelo estreito boulevard E eu me pergunto onde vão com tanta pressa O predador e o tempo e o homem, sua presa Você se vê Entre o leão e a arena Pego meu jornal ao cruzar a Bandeirantes Na praça o contraste do vetor sudoeste O verde e o cinza O inédito da rotina E do térreo eu cruzo as barreiras de um mundo particular Sem sorriso ou bom dia, cada qual com sua vida anonima Livre e preso Como um ponteiro que não para de girar Em seu próprio eixo Sem poder voltar atrás Desço no meu andar O palco que costumamos atuar Se isso for uma peca, o tema e guerra E você esta sem pátria Pego meu café, da janela observo Suas metas, seu ego, ambição a qualquer preço Eu juro que um dia eu fujo deste endereço Como esta avenida eu tenho sido Forte como aço, frágil como vidro Abstrato e concreto, direto e subjetivo E quando o céu que escurece trazendo as monções O fim do calor escaldante que faz neste verão Sem meio termo Seco além do que se possa aguentar E logo, sem aviso A tempestade que impõe o estado de alerta!