Sou aquele poeta pobre que canta com gentileza Pra cantar pra o meu Rio Grande, canto com delicadeza Sou pobre, mas sou honesto, isto eu falo com certeza Me criei rolando ao mundo, pior que pau na correnteza Jamais serei humilhado por quem vive na riqueza Dinheiro pouco me importa, o que eu quero é força e saúde Este' meus verso' é uma prece que o papai do céu me ajude Pra que eu cante muitos anos, a minha mente não mude Pra gente de toda a idade, pra os velinho' e juventude Por quem faz mais do que pode, sempre fiz mais do que eu pude Me criei na moda antiga, sempre gostei do respeito No verso xucro, eu me tapo, na rima guapa, eu me deito Desde a' minhas lidas de peão, tudo o que eu faço é bem feito Não peço nada a ninguém, mas, se me der, eu aceito O que for bom, eu conservo e, o que for torto, endireito Com toda a honestidade, meus versos xucros se encerram Sem cobrar de quem me deve, sei dar o perdão pra quem erra Nasci xucro e vivo xucro, e é o sistema da minha terra Pra cantar em gauderiadas, eu surgi do pé da serra De onde o mestiço não canta e o touro magro não berra