Em primeiro lugar vou lembrar e agradecer meus ancestrais Que muito guerrearam pra que hoje eu tivesse paz São iguais nossos ideais Ontem, hoje, amanhã... Cada vez mais Guerreiros periféricos na guerra pela paz Nossa luta é árdua e é de muito tempo atrás Pros escravocratas tanto fez, tanto faz Foram absolvidos dos crimes centenários e atuais Veja! A lei áurea não é reparação Ela legitima, é aval pra escravidão Não houve abolição se não houve reparação Não se constrói a liberdade sem chão A terra não é nossa, nós é que somos da terra E sem reparação não há paz, é guerra O medo não é paz, viver com medo não é viver Aceitar a chibata é o mesmo que morrer Capoeira é a luta da libertação Baobá é memória, é redenção O tambor é resistência, é tradição O caminho pra revolução é a informação Nossa versão, irmão, quem contou? Se o negro não podia ser escritor Parte da nossa cultura extraviou Ai de nós se não fossem os griot Se não fossem todos que lutaram até o fim As Teresa de Benguela e as Luiza Mahin Por todos aqueles que não deixaram sucumbir Somos a continuação, somos todos Zumbi Lá lauê Lauê lauê lauá Numa estrada ofuscada um guerreiro enxerga bem Sabe pra onde vai porque sabe de onde vem Sabe distinguir o certo do errado, o mal do bem Vive no sistema, mas não vira refém Eu já vivi o bastante pra saber o quero Sem seu passado você não sai do zero E é essa a estratégia pra manter a escravidão Se destroem a sua história você não tem direção Uma vírgula que seja já uda a intenção O ladrão vira a vítima e o herói o vilão Não basta viver livre eu quero é o fim da escravidão Pois não vai tá bom pra mim se tiver ruim pro meu irmão São derivados da falsa abolição Fome, desabrigo, desemprego, exclusão A colônia ainda existe, a senzala ainda existe O opressor ainda oprime e o guerreiro ainda resiste Meu povo, meus irmãos, são aqueles por quem luto Maria muito lutou na vida e tá aqui o fruto Tudo que eu fui é tudo o que sou Com muito amor em ilê iyami um guerreiro se formou Então eu vou quebrando algema seja aonde e como for Eu vou que vou em prol da paz com a munição no meu tambor Eu vou que vou quebrando o dedo indicador do mandador Desvendando as mentiras falindo o opressor Lá lauê Lauê lauê lauá Sankofa Cerre o punho e diga Sankofa Vá pra rua e diga Sankofa Sankofa Nas escolas diga Sankofa Na Universidade, Sankofa Sankofa