Tropeçando nas próprias pernas
O bêbado dobra a esquina
E no seu mundo paralelo
Tudo ganha vida

Um passo de cada vez
Ele se concentra e se equilibra
Enquanto arrisca, confiante
O passo de uma dança esquisita

Olha só esse bêbado
Olha que vergonha!
Vê se toma jeito, rapaz!
Vamos, se recomponha!

Aí vem o bêbado
Com um sorriso no rosto
Cantando uma canção
De gosto duvidoso

Revezando tropeços
E passos de dança
Os olhos cheios
Livre como uma criança

Da penumbra ele surge
Como quem não quer nada
Desfilando sua liberdade
Nas passarelas da calçada

Dali a pouco some novamente
Sem deixar rastros
A olho nu até parece obra
De um talentoso mágico

Olha só esse bêbado
Olha que vergonha!
Vê se toma jeito, rapaz!
Vamos, se recomponha!

Aí vem o bêbado
Com um sorriso no rosto
Cantando uma canção
De gosto duvidoso

Revezando tropeços
E passos de dança
Os olhos cheios
Livre como uma criança

O despertador toca
E uma mão o repreende
Não pode ser, mais um dia!
Diz uma voz nada contente

O dono da voz se levanta
Rumo à solidão do escritório
Rapaz sério, seguro de si
Sempre direito, sempre sóbrio