E se meu olho purga e escrevo a palavra merda sobre a lousa nua E se o meu pensamento acura e assalto a véspera num só golpe com certeira pua E se a minha sinistra em curva esgana o goto do ancho avaro que à farta a burra estufa E se antes a minha língua furta de sua língua a láctea crosta de saburra E se depois de antes uma língua de boca alheia da minha língua liba a cicuta E se o meu dedo purga o pus da história bufa E escreve a palavra merda sobre a lousa nua E se meu outro olho turva quando purga a saliva da lascívia gruta vulva E se meu medo purga como a chuva agora purga o chorume no lombo da viperina rua E se purgo nada, abrolho e evoco chongas, nem alcanço o cavo Nem amordaço a voz que a carne do verbo sutura E se fico para sempre homem ao promontório, em isenção No casulo da ausência em algures de parte nenhuma E se mesmo assim diante de minha vasca derradeira Lateja o músculo do cu da esfinge puta Que guilhotina o cedro da palavra muda E se quando mais também vejo homens empalando homens E nem afasto o falo da ignorância que duro na espécie adura E se movo palha alguma para escrever a palavra merda sobre a lousa nua