Confesso que quero minha vida-poesia Minhas rédeas soltas E menos uma estatística Na minha vã filosofia E peço para todos os místicos Uma sentença Para o meu desconforto Às vezes esqueço que o lado esquerdo é o do coração Me desculpe mas deixei cair os dados E espero que minha fé não seja em vão Perdi meus documentos E penso num disco voador Na minha sacada E deixei minhas crenças na mesa E se o vinho manchou a toalha Espero que o futuro Não passe deste infortuito E que a vida fique por medida No infinito dos dias das frações do tempo Divididas de mão em mão Deixo minhas palavras ou meu Silêncio para a próxima música tão eterna quanto este instante E os meus olhos se calam Nesses setembros de promessa Eu tenho a pressa Deste mar Como um pescador Que perdeu os seus peixes A minha rede Fica no ar E a gravidade Desprende meus pés do chão E as minhas verdades Caem nos versos desta canção E não importa se é mais um clichê E a trama da novela Me deixa como um barco sem vela Refrão: E os acordes distorcidos Arranham os meus ouvidos E cada passo dos meus dedos Tangem no meu coração E os meus sentidos Caem no bojo Desta lagoa E no porto das lágrimas Pela madrugada O vinho manchava a toalha Na sombra das estrelas As palavras erradas Viravam a maré da minha canção De alma lavada As cinzas ficavam pela estrada