Arnaldo Brandão

Cheira a Confusão

Arnaldo Brandão


Ela é da pá-virada e só gosta do que é bom
Uma gata encantada, pelas Brumas de Avalon
Quando voa, tá ligada
Dando teco em Rolling Stone
Satisfaction, moçada
É seu bum-bum de escorpião

Não sei não, não sei não, não sei não
Não sei não, não sei não, não sei não
Não sei não, não sei não, não sei não
Cheira a confusão

Ela anda apaixonada pelas noites do verão
Uma curva de autoestrada pra quem vem na contramão
E seu amor são seus perigos
Uma esfinge de prazer
Um mistério tão antigo
Tudo pode acontecer

Não sei não, não sei não, não sei não
Não sei não, não sei não, não sei não
Não sei não, não sei não, não sei não
Cheira a confusão

Dez e meia da noite
Cinderela sobe num salto alto, dá telefonemas
E sai por aí incendiando gasolina

Onze e pau, ela chega no bar
Cheia de bico, cheia de beijos
Dá um rolé fazendo número, chamando a maior atenção

De repente, meia noite!
Uma pá de vampiro de olho nela
E ela lá, só olhando!

Bingo!
Grita um yuppie rasgando o talão de cheque
E ela lá, só olhando!

Os torpedos começam a explodir na mesa
Ela se levanta
Passa por um ex-namorado, dribla o garçom e gol!
Ela já tá lá no banheiro, cheia de orgulho, cheia de disposição

Duas da madrugada
Ela já tá dando o maior mole à boca mole!
Principalmente pro traficante que tá com tudo em cima

Quatro da matina, ela desatina total
Se sentindo a própria princesa de Mônaco
Começa a confundir o Príncipe Ludwig, da Baviera, com o Príncipe Hamlet, da Dinamarca
E a galera lá, só olhando

Cheira, cheira
Cheira, cheira, cheira a confusão
Cheira, cheira
Cheira, cheira, cheira a confusão